Resenha “Punk 57” de Penelope Douglas

Resenha “Punk 57” de Penelope Douglas

Punk 57 de Penelope Douglas [RESENHA]

Capa do livro "Punk 57" de Penelope Douglas, um romance intrigante sobre duas almas conectadas por cartas, mas separadas pela realidade.

Título original: Punk 57
Escritor(a): Penelope Douglas
Série:
Editora: The Gift Box
Páginas: 324
Ano: 2019
Gênero: Romance Contemporâneo
Classificação:
Ranking Hot:
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“Nós éramos perfeitos juntos. Até nos conhecermos.”

Misha
Não posso deixar de sorrir com a letra da música em sua carta. Ela sente a minha falta. Na quinta série, minha professora organizou duplas com colegas de uma escola diferente. Pensando que eu era uma menina – por causa do meu nome – a outra professora me juntou com a sua aluna, Ryen. Minha professora – acreditando que Ryen era um garoto – concordou. Não demorou muito para descobrirmos o erro. E, em pouco tempo, estávamos discutindo sobre tudo. A melhor pizza para viagem. Android vs. iPhone. Se Eminem é ou não o melhor rapper de todos os tempos…
E foi assim que começou. Nos sete anos seguintes, éramos só nós. Suas cartas são sempre escritas em papel preto com caneta prateada. Às vezes, recebo uma por semana ou três em um dia, mas eu preciso delas. Ela é a única que me mantém nos eixos, me acalma e aceita quem eu sou por inteiro.
Nós só tínhamos três regras: nada de redes sociais, sem números de telefone e nenhuma fotografia. Nós tínhamos um lance bacana. Por que arruinar isso? Até eu deparar com uma foto de uma garota, online. Com o nome de Ryen, que ama a pizza do “Gallo” e idolatra seu iPhone. Quais eram as chances? Que se f*da. Preciso encontrá-la.
Só não imaginava que odiaria o que descobri.

Ryen
Ele não escreve há três meses. Algo não está certo. Ele morreu? Foi preso? Conhecendo Misha, nem um dos dois seria um exagero.
Sem ele por perto, estou ficando maluca. Preciso saber que alguém está me ouvindo. A culpa é minha. Devia ter pedido seu número de telefone, foto ou algo assim.
Ele podia ter sumido para sempre.
Ou poderia estar bem debaixo do meu nariz, e eu nem sequer desconfiava.

Vou te contar uma coisa: eu não faço ideia de como esse livro veio parar nas minhas mãos. Talvez tenha sido pela sinopse, quem sabe? Porque, olha, se fosse pela capa, eu nunca teria imaginado que fosse um romance. De verdade, achei que era algum thriller de true crime ou até uma história de terror. E foi nesse momento que me caiu a ficha: “Nunca julgue um livro pela capa”, né?

A história me pegou completamente de surpresa! E vou te dizer sem nenhum exagero, é um dos meus favoritos no gênero New Adult. Parece uma trama simples, mas, conforme você vai lendo, percebe que ela tem camadas e mais camadas de intriga, emoções profundas, e trata de questões super reais, especialmente para quem está naquela fase complicada entre a adolescência e a vida adulta.

Foi minha primeira vez lendo algo da Penelope Douglas, e, gente, que descoberta! Agora estou super empolgada para ler mais livros dela, tanto que já coloquei outra obra dela na minha lista de próximas leituras.

Imagina só, duas pessoas que nunca se viram na vida, mas têm uma conexão mais forte do que muita gente que se encontra todos os dias. Essa é a história de Misha e Ryen, que inicialmente se conectam de uma forma peculiar: através de cartas.

Tudo começa quando, ainda crianças, suas escolas os fazem participar de um projeto de troca de correspondências (pen pals). O que era para ser uma comunicação entre alunos do mesmo sexo, acaba sendo um erro por causa de seus nomes. Mas Misha e Ryen rapidamente se tornam melhores amigos, mantendo contato por sete anos sem nunca se encontrarem pessoalmente. E aí entra o detalhe que torna tudo mais interessante: eles estabeleceram regras básicas para essas trocas de cartas — nada de redes sociais, telefonemas, fotos ou tentativas de se encontrarem pessoalmente. É essa promessa que mantém a magia da amizade deles intacta, mas também é o que começa a complicar tudo.

Misha Lare é o típico bad boy, cheio de tatuagens, toca numa banda de rock. Mas com um coração sensível, que se revela nas cartas que troca com Ryen. Ele tem uma vida um tanto desestruturada, e encontra nas cartas de Ryen um refúgio e uma fonte constante de inspiração para suas músicas.

Por outro lado, Ryen Trevarrow é popular, líder de torcida, mas esconde um lado mais vulnerável, que ela só mostra nas cartas que envia a Misha. Ela faz de tudo para manter sua posição no topo, mesmo que isso signifique tomar decisões que ela não se orgulha muito. Essa dualidade é o que torna os personagens tão cativantes e, ao mesmo tempo, tão reais.

Aprendi há muito tempo que você não precisa revelar tudo de si para as pessoas ao seu redor. Eles gostam de julgar e sou mais feliz quando não fazem isso. Algumas coisas ficam escondidas.

As cartas entre eles são como uma tábua de salvação, um lugar onde podem ser honestos sem medo de julgamento. Porém, as coisas começam a mudar quando Misha, sem avisar, para de responder as cartas de Ryen. Ela fica desesperada, imaginando o que pode ter acontecido, e essa ausência cria uma lacuna na vida dela.

O que Ryen não sabe é que Misha não parou de escrever porque quis, mas porque sua vida deu uma guinada. Ele se envolveu em uma série de acontecimentos que o forçaram a mudar de cidade e, coincidentemente… ou não, a nova escola dele é justamente a mesma em que Ryen estuda. Só que ele decide manter isso em segredo, porque quer ver quem Ryen realmente é, sem a máscara que ela coloca para o mundo.

Quando Misha finalmente se aproxima de Ryen, ele usa outro nome de Masen Laurent, assumindo uma identidade diferente para poder observá-la de perto. Ele fica surpreso ao perceber que a garota doce e vulnerável das cartas é, na verdade, uma das “garotas malvadas” da escola, que se encaixa perfeitamente nos estereótipos de popularidade e superficial, muitas vezes tratando mal aqueles ao seu redor para manter sua posição social. Esse choque faz com que ele fique dividido entre o amor que sente pela amiga das cartas e o desprezo pela pessoa que ela parece ser na vida real.

Nós éramos perfeitos um para o outro. Até nos conhecermos.

Enquanto isso, Ryen se vê atraída por esse novo garoto misterioso na escola, sem saber que ele é seu melhor amigo por correspondência. Ela luta com seus próprios sentimentos, lidando com o desconforto de se sentir mais conectada a alguém que não pode ter.

Esse jogo de gato e rato entre eles leva a várias situações intensas, onde a atração e a raiva colidem. Misha, escondendo sua identidade verdadeira, começa a desafiar Ryen de um jeito que ninguém mais ousaria fazer. Ele faz com que ela encare suas próprias mentiras e se pergunte quem ela realmente é. Isso, claro, cria uma tensão enorme entre os dois. A química é inegável, mas a verdade que Misha esconde é como uma bomba-relógio, prestes a explodir.

No meio disso tudo, surge o Punk misterioso que anda vandalizando a escola com mensagens bem provocativas, que parecem falar diretamente com as inseguranças e os dilemas que Ryen tenta esconder de todo mundo. Quem é esse “punk”? Ninguém sabe, mas todo mundo quer descobrir. Esse mistério adiciona uma dose de suspense na história que deixa tudo ainda mais intrigante.

Conforme Misha (como Masen) e Ryen se aproximam, eles começam a se ver de verdade – as máscaras vão caindo, e eles têm que lidar com quem realmente são. Ryen, que sempre tentou ser perfeita aos olhos dos outros, percebe que sua busca por aceitação só a afastou de si mesma. Misha, por outro lado, tem que lidar com a culpa e a responsabilidade de seus segredos. O relacionamento deles é uma montanha-russa de emoções, com momentos intensos de paixão, raiva e dor.

Eu vou para o inferno. Tenho certeza de que ela própria vai me arrastar até lá.

À medida que a história avança, segredos são revelados e ambos os personagens enfrentam suas próprias verdades. Eles são forçados a confrontar quem realmente são, o que querem para si mesmos e como suas vidas se entrelaçaram de uma forma que nenhum dos dois esperava.

O livro é narrado alternadamente por Misha e Ryen, o que é perfeito, porque nos permite mergulhar na mente de ambos e entender suas motivações e sentimentos mais íntimos. Penelope Douglas faz um trabalho brilhante ao dar vida às vozes dos dois personagens de um jeito que soa muito autêntico e real. Misha e Ryen enxergam o mundo de formas bem diferentes, mas é fascinante acompanhar como essas visões se chocam e, no fim, acabam se complementando.

A escrita da Penelope Douglas flui de uma forma tão leve e envolvente que você nem percebe o tempo passar. Ela tem uma habilidade incrível de criar tensão, tanto emocional quanto sexual, e faz isso de um jeito que te prende. O mais impressionante é como ela consegue descrever os sentimentos dos personagens de uma forma tão real que você quase sente o que eles estão sentindo. Além disso, Penelope não foge de temas difíceis e controversos, o que dá um peso a mais para a história, fazendo o livro se destacar entre outros romances.

E sério, não tem como não se apaixonar pelo Misha! Ele traz toda aquela vibe de protagonista literário que a gente ama, sabe? Tatuagens, bad boy, sarcástico… é aquele tipo de personagem que parece problemático, mas que no fundo tem um coração gigante. Ele carrega toda uma bagagem emocional, e isso só faz a gente se apegar ainda mais. Agora, a Ryen é uma mocinha diferente do que estamos acostumados nos romances. Ela foge dos padrões, porque, sinceramente, ela não é exatamente o exemplo de alguém que segue seus princípios. Pelo contrário, ela acaba se tornando aquela garota meio cruel, fazendo de tudo para ser popular e ter amigos, mesmo que isso signifique passar por cima dos outros.

Agora, falando sério, por mais que o Misha tenha tido uns momentos de “cara ogro”, eu não consegui deixar de passar pano pra ele. Porque, convenhamos, a Ryen mereceu um puxão de orelha pelas atitudes fúteis dela. Ela estava tão obcecada em se encaixar que acabou se tornando alguém que ela mesma odiaria. E, sinceramente, isso me lembrou até aquele meme clássico: “Amiga, não tem como te defender”.

Meus olhos ardem com as lágrimas e me sinto cansada. Tão cansada de guardar tudo o que sinto e o que quero dizer. Tão cansada de ser alguém que não sou e de cometer erros que não acho graça nenhuma.

E sobre o plot twist do desfecho, tenho que admitir que fui pega de surpresa. Não vou dizer que é impossível adivinhar, porque se você prestar bem atenção nos detalhes, dá pra ter uma noção do que está por vir. Mas ainda assim, quando a revelação acontece, o impacto é forte. A Penelope Douglas conseguiu construir o mistério de forma que, mesmo com algumas pistas espalhadas, você fica imerso na história e acaba não se dando conta até que tudo se encaixa. É aquele tipo de reviravolta que faz você parar um segundo e pensar: “Nossa, como eu não percebi antes?”

Outra coisa bem legal é que o livro tem uma pegada bem musical, o que dá um toque especial à história. As letras que o Misha escreve e as várias referências musicais ao longo da história dão um toque super especial, como se a música fosse a trilha sonora perfeita para tudo que está acontecendo. Cada canção mencionada parece adicionar um significado a mais ao que está rolando entre os personagens, deixando a história ainda mais envolvente. É como se você estivesse ouvindo a playlist da vida deles enquanto lê.

O relacionamento deles é tenso e cheio de mal-entendidos, mas também carregado de uma atração inevitável. Misha não pode evitar se sentir atraído por Ryen, mesmo quando ele vê seus defeitos mais claros do que nunca. Ryen, por sua vez, sente-se atraída por Misha de uma maneira que ela não entende completamente, pois ele parece ser o único que a desafia e a vê além das superficialidades. Há uma mistura de ódio e desejo que é quase elétrica, fazendo a gente ficar preso às páginas, ansioso para ver como essa relação vai se desenrolar.

As cenas hot são simplesmente deliciosas e com uma pegada bem quente, daquelas que te fazem prender a respiração. A química entre Misha e Ryen é explosiva, e cada momento de tensão entre eles é construído de uma maneira que deixa tudo ainda mais intenso. E o melhor: essas cenas não estão ali por acaso, elas se conectam totalmente com o que os personagens estão sentindo, o que só aumenta o calor da coisa. Penelope Douglas sabe como entregar sensualidade na dose certa, sem perder o ritmo da história.

Ele me olha nos olhos, mordiscando meus lábios.

— Ninguém vê você, baby. Só eu. E eu quero te beijar.

— Você está me beijando.

Ele morde meu lábio, seu sussurro pesado e quente:

— Quero te beijar em outros lugares.

Ai, minha nossa.

O final é bem satisfatório e encerra a história de um jeito que faz a gente pensar nas nossas próprias escolhas e como elas nos moldam ao longo do tempo. Misha e Ryen estão longe de serem aqueles heróis perfeitinhos de conto de fadas; eles são cheios de defeitos, enfrentando seus problemas e tentando se entender no meio de todo o caos. No fim das contas, o mais interessante é ver como eles não estão só buscando seu lugar no mundo, mas também tentando se encontrar um no outro. É uma conclusão que, além de fechar a trama de forma redondinha, nos faz refletir sobre nossas próprias imperfeições e jornadas pessoais.

Punk 57 aborda vários temas relevantes para os jovens adultos, como a identidade, a pressão social, a busca por aceitação, e o impacto das expectativas sociais sobre quem realmente somos. O livro explora a dicotomia entre a pessoa que mostramos ao mundo e quem realmente somos por dentro, e como a pressão para se conformar às expectativas dos outros pode levar a sentimentos de isolamento e autossabotagem.

Outro tema importante é a ideia de que as pessoas não são apenas boas ou más, mas uma mistura complicada de ambos. Misha e Ryen cometem erros, machucam um ao outro e a si mesmos, mas também têm momentos de grande bondade e vulnerabilidade.

Somos todos feios, Ryen. A única diferença é que alguns escondem a feiura e alguns a usam.

O livro é cheio de tensão, tanto sexual quanto emocional. Ele faz a gente pensar sobre como as aparências podem nos enganar e nos afastar do que realmente importa. Punk 57 fala sobre dois jovens que estão perdidos em meio ao caos de suas próprias vidas, mas que, de alguma forma, acabam se ajudando a enxergar quem realmente são. Misha e Ryen estão longe de serem perfeitos, mas é justamente nessa imperfeição que eles descobrem algo verdadeiro.

No final das contas, Punk 57 não só superou minhas expectativas, mas também se tornou um dos meus livros favoritos quando o assunto é romance adolescente new adult. É uma leitura que fica com você, fazendo você pensar sobre a verdadeira natureza das pessoas e sobre o que realmente significa ser fiel a si mesmo.

Se você está à procura de um romance que vá além do clichê, que te desafie e te faça sentir, Punk 57 é a escolha certa. Só não se deixe enganar pela capa – a verdadeira surpresa está nas páginas.

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