Resenha “A Fugitiva” de Nàna Páuvoli

Resenha “A Fugitiva” de Nàna Páuvoli

A Fugitiva de Nàna Páuvoli [RESENHA]

Capa do livro A Fugitiva de Nàna Páuvolih mostrando o casal momento intimo

Título original: A Fugitiva
Escritor(a): Nàna Páuvoli
Série:
Editora: Essência
Páginas: 224
Ano: 2023
Gênero: Romance contemporâneo
Classificação:
Ranking Hot:
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Uma mocinha em busca de uma vida diferente. Um mocinho inexperiente e fora dos padrões.

Nicolly. decidiu que ia morrer. Depois de anos em um relacionamento abusivo com um homem que não ama, ela não se reconhece mais. A solução que encontra é forjar sua própria morte e deixar tudo para trás. O que mais quer é começar uma nova vida em um lugar que ninguém a conheça. Nicolly vira Maria e troca a vida de luxo e vaidade na cidade grande por uma de trabalho duro no campo.

Emanuel. leva uma vida pacata. Apesar da vontade de ir embora e explorar o mundo, ele continua na cidadezinha em que nasceu e cresceu, ajudando sua avó no sítio onde moram. Ele passa os dias cuidando dos animais e da plantação sozinho até que contrata Maria, uma linda e misteriosa forasteira em busca de emprego.

Emanuel e Maria se tornam inseparáveis e passam o tempo todo juntos, cuidando das galinhas, colhendo maçãs e conhecendo um ao outro. Dia após dia, um sentimento avassalador cresce entre os dois. Só que o passado de Nicolly não ficará enterrado por muito tempo e eles terão que lutar com unhas e dentes pelo seu felizes para sempre.

É maravilhoso quando você coloca suas expectativas em um livro e ele consegue superá-las, não é? Logo nas primeiras páginas, A Fugitiva me conquistou completamente. Eu me apaixonei pela história de um jeito que nem esperava! Primeiro, preciso dizer que a capa já me chamou a atenção de cara — é linda! E a sinopse foi o toque final para eu dar uma chance ao livro. E, olha, que decisão acertada eu tomei! Foi o meu primeiro contato com a escrita da Nàna Páuvolih, e agora posso dizer com toda certeza: virei fã!

A narrativa envolvente, os personagens que vão se revelando aos poucos, a maneira como a autora consegue misturar drama, romance e sensualidade… tudo flui de uma forma tão natural que você não quer largar o livro. Foi uma leitura que me prendeu e me fez viver intensamente cada emoção junto com os personagens.

Tudo começa com Nicolly, uma mulher que vive em um verdadeiro conto de fadas: uma mansão luxuosa, roupas caras, eventos glamourosos e um casamento com um empresário poderoso. Aos olhos de todos, sua vida parece perfeita, mas por trás dessa fachada, há uma realidade sombria. Nicolly é prisioneira em um casamento tóxico e abusivo. Seu marido, Roger, controla tudo: o que ela come, o que veste, como deve se comportar, e, para piorar, as coisas ficam ainda mais complicadas quando ele começa a agredi-la fisicamente.

Nicolly está no fundo do poço, vivendo uma depressão profunda e sem esperança. Ela já não aguenta mais as humilhações e os abusos que sofre nas mãos do marido e de sua mãe, que também a tratou sempre como um objeto de perfeição, moldando-a fisicamente para ser a “boneca” que esperava. Mas ela não vê saída… até que um filme antigo a inspira a forjar sua própria morte e sumir do mapa. Sabe aquele filme clássico com a Julia Roberts, em que ela simula um afogamento para escapar de um marido abusivo? Pois é, Nicolly decide seguir o mesmo caminho.

Ela elabora um plano engenhoso: vai fingir o próprio su***dio e desaparecer completamente, deixando para trás a vida de luxos, aparências e abusos. A ideia parece insana, mas para ela, é o único caminho para se libertar. Assim, ela se prepara cuidadosamente, troca as roupas de grife por jeans e moletom, e até pinta e corta o cabelo para não ser reconhecida. A transformação é completa, e nasce Maria de Deus, uma nova identidade, completamente diferente da glamourosa e plastificada Nicolly.

Naquele dia eu decidi que ia morrer.

Eu morreria para o mundo conhecido, me transformaria em outra pessoa.

Eu faria minhas próprias escolhas.

Com uma determinação que nunca pensou ter, Nicolly coloca seu plano em prática. Ela finge um su***dio, deixando uma carta de despedida para Roger e sua mãe, na qual justifica sua decisão como sendo motivada por uma depressão que não conseguiu superar. O plano é escapar sem deixar rastros, indo para um lugar onde ninguém suspeitaria: o sul do Brasil, uma região fria que ela sempre detestou.

A fuga leva Nicolly a uma cidadezinha no interior de Santa Catarina chamada Barrinhas. Com menos de dois mil habitantes, esse lugar se torna o esconderijo perfeito para ela. Lá, ela conhece Emanuel Hoffmann, um homem tímido e recluso que vive com sua avó. Emanuel é produtor de maçãs e está precisando de ajuda no seu pequeno sítio, o que oferece a Nicolly a chance de começar a trabalhar e, quem sabe, reconstruir sua vida longe de tudo o que ela conhecia. Barrinhas acaba sendo aquele lugar onde ela pode realmente recomeçar do zero, sem medo de ser encontrada.

Emanuel, é um homem grande e forte fisicamente, mas extremamente tímido e reservado. Ele vive no sítio junto com sua avó cega, Margareth, que é uma figura forte e presente na vida dele. Desde a infância, enfrentou dificuldades para se socializar. Ele é frequentemente atormentado pelas lembranças de ser ridicularizado na escola por ser grande e atrapalhado, o que o fez se sentir inadequado e inferiorizado ao longo da vida. Esses sentimentos foram reforçados por seu pai, que o criticava e o fazia acreditar que era burro e inútil. Essa combinação de eventos o levou a se isolar e se retrair ainda mais, preferindo a tranquilidade do campo à companhia de outras pessoas. À medida que os dois se conhecem, fica claro que ambos estão lidando com suas próprias feridas e inseguranças.

Por que nos acostumávamos com a infelicidade e a deixávamos ficar tanto tempo?

O trabalho no sítio de Emanuel é árduo e exige muito de Maria/Nicolly, especialmente porque ela nunca havia feito algo parecido antes. Maria, que estava acostumada a uma vida de luxo, tem que lidar com as mãos sujas de terra, o cheiro forte dos animais, as galinhas que ela tanto ama e a rotina exaustiva do campo. Mas, ironicamente, ela começa a encontrar prazer nessas pequenas tarefas, coisas que ela nunca imaginou que faria um dia. Aos poucos, ela descobre uma força dentro de si que nunca soube que tinha. É como se cada dia fosse um pequeno renascimento, onde ela começa a reconstruir não só sua vida, mas também sua autoestima.

Emanuel, por sua vez, se sente atraído por Maria desde o primeiro momento em que a vê, embora sua timidez o impeça de expressar isso de forma clara. Ele está acostumado à solidão e, por isso, a presença de Maria mexe com ele, despertando sentimentos que ele não está acostumado a lidar, tanto de atração quanto de medo de não ser bom o suficiente para ela. É um homem marcado por perdas e frustrações, o que o torna retraído e reservado. Mas, com o passar do tempo, ele e Maria vão se aproximando, criando uma conexão profunda e sincera.

Eu não sabia como me portar com maria.

Ela me desestabilizava completamente, me fazia sentir um bobão. Na verdade eu morria de medo de ela pensar isso, de perder o interesse. Afinal, como seria se eu caísse na sua provocação e a decepcionasse, inseguro, sem saber o que fazer?

No entanto, a sombra do passado de Maria/Nicolly paira sobre a narrativa, criando uma tensão constante. Embora Maria tente ao máximo se adaptar à nova vida, o medo de ser descoberta está sempre presente. Ela vive com a sensação de que a qualquer momento, tudo pode desmoronar. A carta de su***dio que ela deixou, o carro abandonado perto do penhasco, as investigações que continuam ocorrendo na cidade grande – tudo isso a assombra. Maria sabe que uma hora ou outra alguém pode juntar as peças e descobrir que ela não está morta, mas sim escondida.

Emanuel, que sempre foi um observador atento, começa a perceber que Maria tem segredos. Ele nota pequenos sinais, como o jeito que ela evita falar sobre o passado, suas reações quando alguém menciona as notícias da cidade grande, ou o fato de que ela parece sempre estar alerta, como se estivesse esperando que algo ruim aconteça. Emanuel é um homem simples, mas não é tolo. Ele percebe que Maria não é quem diz ser, mas, ao mesmo tempo, sente que ela é uma boa pessoa, alguém que está fugindo de algo terrível.

Com o tempo, o relacionamento entre Maria e Emanuel começa a florescer. Há um amor que cresce de forma lenta, porém constante, entre os dois. Eles encontram um no outro algo que nunca tiveram antes: Maria encontra segurança e tranquilidade nos braços de Emanuel, enquanto ele descobre em Maria uma companheira que lhe traz calor e afeto, algo que ele nunca pensou que poderia ter. É um amor que surge das cinzas da dor, da solidão e do medo.

Ele me atraía, mais e mais. E tudo que eu queria era seu toque, seu beijo, seu colo.

Mas, como em toda boa história, as coisas não podem permanecer pacíficas por muito tempo. À medida que Maria e Emanuel se aproximam, o cerco começa a se fechar. Investigadores contratados por Roger começam a seguir pistas que os levam até a região onde Maria está escondida. O suspense aumenta, e a gente fica na expectativa de saber se Maria será ou não descoberta.

O dilema central do livro é o conflito entre o desejo de liberdade de Maria e a inevitabilidade de confrontar seu passado. Ela sabe que, se for descoberta, poderá perder tudo o que construiu com tanto esforço. Ao mesmo tempo, ela sabe que não pode viver fugindo para sempre. A pergunta que paira no ar é: até quando Maria conseguirá manter sua nova vida sem que o passado a alcance?

Era como se eu pudesse me ver de verdade ali, andando sobre o chão de terra, observando os morros e árvores, sentindo o vento frio contra o rosto.

O livro é narrado em primeira pessoa pela perspectiva dos dois. E o legal dessa troca de perspectivas é que você consegue ver os dois lados da moeda. Enquanto Maria/Nicolly está nesse constante estado de alerta, com medo de ser descoberta e tentando se reinventar, o Emanuel está mais preocupado em entender quem é essa mulher que apareceu do nada na vida dele e está bagunçando seus sentimentos. E o bacana é que, em vários momentos, você percebe como eles se veem de maneiras tão diferentes. Enquanto Maria acha que está cheia de defeitos e que a qualquer momento tudo vai desmoronar, o Emanuel vai vendo nela algo bonito, mesmo com todas as incertezas.

A relação deles é realmente muito fofa! O que mais me encantou foi como tudo acontece de maneira tão natural entre eles, sem aqueles dramas exagerados ou discussões cansativas. Eles simplesmente vão se conhecendo, dia após dia, e a conexão vai crescendo de uma forma leve, enquanto passam tempo juntos no campo. É lindo ver como o amor deles se desenvolve sem pressa, sem grandes conflitos, apenas na simplicidade de estarem ao lado um do outro. Isso deixa a história ainda mais gostosa de acompanhar, porque é um relacionamento construído na confiança, no carinho e na aceitação mútua.

— Eu já fui muito cobrada também. Hoje faço o que eu quero.

— E o que você quer? — Nem acreditei que tive a audácia de perguntar.

— Que me beije, Emanuel.

— Me peça isso quando estiver sóbria.

Uma das coisas que eu realmente amei nesse livro foi o fato do mocinho, Emanuel, ser fora dos padrões que a gente normalmente vê nos romances. Geralmente, estamos acostumados a encontrar aqueles protagonistas sempre em forma, com aquele físico perfeito, mas aqui é diferente. Emanuel é grande, robusto e forte, e sabe o que é mais legal? Isso se torna um dos grandes charmes dele.

Nicolly, ou melhor, Maria, carinhosamente o chama de “Meu ursão”, e dá pra ver o quanto ela realmente aprecia quem ele é, exatamente do jeito que ele é. Emanuel sofreu bastante com bullying por causa de sua aparência, e isso claramente afetou muito sua autoestima ao longo dos anos. Mas o mais bonito de tudo é ver como Nicolly demonstra, com gestos e palavras, que ele é perfeito para ela exatamente como é. Isso ajuda Emanuel a enxergar a si mesmo de outra maneira, a se aceitar e a perceber que seu valor vai muito além do que os outros diziam.

Opostos demais. A bela e a fera, a princesa e o ogro. E mesmo assim não havia asco em seu semblante. Era desejo explícito no modo de me admirar. Foi isso que amansou meus traumas, que me fez me ver um pouco diferente do habitual.

Acho que essa parte da história toca fundo porque mostra que o amor verdadeiro é sobre enxergar a beleza em todos os aspectos da pessoa, até naqueles que o próprio Emanuel achava que eram falhas. É lindo ver esse processo de aceitação e o impacto positivo que Nicolly tem na vida dele, ajudando-o a ver que o que ele via como defeito é, na verdade, uma das coisas que o torna especial.

Essa inversão dos personagens foi uma sacada genial! Achei muito interessante ver a Nicolly sendo mais atirada e direta, enquanto o Emanuel é o tímido e reservado. É uma quebra total dos estereótipos que estamos acostumados a ver nos romances, onde geralmente o homem é mais dominante e a mulher, mais retraída. Aqui, a Nicolly é quem toma a frente, sem medo de expressar o que quer e o que sente, enquanto o Emanuel é aquele que fica mais na dele, mais contido. Essa dinâmica diferente entre eles deu um frescor enorme à história.

— Emanuel… a gente podia fazer um acordo.

— Que acordo?

— Você me ajuda a perder o medo das galinhas. E eu…

— E você…?

— Eu te ensino algumas coisas.

Eu entendo quando as pessoas olham para Nicolly e pensam: “Nossa, depois de tudo o que ela passou, como é que ela está tão bem?” Mas, para mim, faz todo sentido. Ela passou tanto tempo presa, sufocada pelo medo e pelas imposições dos outros, que agora, com a oportunidade de recomeçar, ela quer viver tudo com intensidade. É como se ela tivesse decidido que, depois de tanta opressão, nada mais – nem mesmo o medo – vai ter o poder de controlá-la. Ela está assumindo as rédeas da própria vida e seguindo em frente, sendo quem ela realmente é, sem pedir permissão a ninguém. E essa transformação é incrível de se ver, porque mostra a força dela em querer ser livre e viver a própria verdade.

Ah, e como esquecer da Margareth, a avó do Emanuel? Ela é simplesmente uma personagem incrível e traz um toque especial para a história. Apesar de ser cega, isso não a impede de ser ativa e presente em tudo que acontece ao redor dela. Na verdade, eu diria que a Margareth é uma peça essencial na história! Ela é doce, mas ao mesmo tempo super afiada, cheia de tiradas engraçadas e comentários certeiros. Você percebe que, mesmo com a deficiência visual, ela não se deixa abater e tem uma força interna impressionante.

Margareth tem um papel importante, tanto no desenvolvimento do Emanuel quanto no relacionamento dele com a Nicolly. Ela é aquela figura que apoia, dá conselhos e, ao mesmo tempo, traz leveza para a história com suas falas cheias de personalidade. Além disso, é através dela que vemos como o amor e o carinho da família podem fazer uma enorme diferença na vida de uma pessoa. A forma como ela acolhe Nicolly desde o início, sem julgamentos, só mostra o quão especial e sábia ela é.

Ela definitivamente adiciona uma camada a mais de doçura e humor à trama, tornando tudo mais leve e fluido. É impossível não se apegar a essa avó tão querida, que tem uma importância enorme, não só para o Emanuel, mas também para o desfecho da história.

A escrita é realmente leve e fluida, e confesso que também me deu aquela sensação gostosa de estar assistindo a um daqueles filmes da sessão da tarde, sabe? Aqueles que a gente simplesmente não consegue parar de ver porque são envolventes na medida certa, sem ser pesados demais. Eu fiquei tão presa à história que devorei o livro em apenas dois dias!

O casal improvável é o ponto alto, e eu amei como a autora conseguiu fazer funcionar tão bem. Eles são diferentes em tudo, e isso só faz com que a conexão entre eles seja ainda mais especial. E o final? Simplesmente maravilhoso! Aquele tipo de final que te deixa com um sorriso no rosto e uma sensação de satisfação no peito.

Essa é uma história de amor, de segundas chances e, acima de tudo, de recomeços. Mostra de uma forma muito bonita como é possível nos reinventarmos em qualquer fase da vida, desde que tenhamos coragem e vontade. Fiquei encantada com a maneira como a Nàna Páuvolih trabalhou questões tão delicadas ao longo do livro, sem perder a leveza. Ela conseguiu construir personagens que são ao mesmo tempo complexos e profundamente reais. Cada um deles tem suas falhas, seus medos e traumas, mas também uma força que os torna humanos e cativantes. Isso torna a leitura ainda mais envolvente, porque você consegue se identificar com as lutas internas e o crescimento pessoal de cada um, especialmente com Nicolly/Maria e Emanuel. É aquele tipo de história que aquece o coração e nos lembra que, não importa o quão difícil o passado tenha sido, sempre há uma chance de recomeçar e encontrar a felicidade.

É um clichê leve, sem grandes reviravoltas, mas com uma história doce que aquece o coração e com cenas hot na medida certa. É o tipo de livro perfeito para quando você quer fugir daquela ressaca literária, sabe? Quando você só quer algo que te faça sentir bem, sem precisar pensar muito, mas que ainda assim te envolva do começo ao fim. Eu amei!

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